domingo, 14 de março de 2010

FATORE DE RISCO DA PANCREATITE CRÔNICA



Ao longo das últimas décadas, várias teorias surgiram para tentar explicar a génese e a evolução da pancreatite crónica. Quatro receberam particular atenção: (1) tóxica-metabólica, (2) stress oxidativo, (3) obstrução canalicular e (4) necrose-fibrose. Mais recentemente, a hipótese SAPE (sentinel acute pancreatitis event), introduzida por Whitcomb, foi proposta e integra vários conceitos actuais numa cascata que contribui para a progressão da doença. Os dois principais fundamentos da hipótese SAPE são: (1) a progressão para pancreatite crónica implica um evento inicial que desencadeia a fibrogénese pancreática e (2) a fibrose é controlada por respostas celulares anti-inflamatórias. De acordo com este modelo, a exposição do pâncreas normal ao álcool ou outros factores conduz a respostas tóxicas, metabólicas e oxidativas que induzem a libertação de citocinas e outros mediadores a partir das células acinares. Se um limiar crítico, não definido, é atingido, a pancreatite aguda é desencadeada e resulta numa infiltração local de leucócitos, linfócitos e macrófagos circulantes. A hipótese SAPE é uma explicação atractiva para a progressão da fibrose pancreática e é consistente com elementos das outras diversas hipóteses postuladas. Os principais factores de risco implicados na pancreatite crónica são: o álcool, o tabaco, medicamentos, toxinas, doenças vasculares, isquemia, exposição a radiação, neoplasias e doenças auto-imunes (colangite esclerosante primária, síndrome de Sjögren, cirrose biliar primária, diabetes tipo 1 e sialoadenite). Outras etiologias incluem variantes anatómicas (pâncreas divisum ou anelar), factores metabólicos (hipertrigliceridemia ou hipercalcemia), disfunção do esfíncter de Oddi e traumatismo. A ingestão de álcool encontra-se claramente associada à pancreatite crónica. Constitui o factor de risco mais frequente e é influenciado pela dose e duração do consumo. Embora a ingestão de álcool esteja associada a pancreatite crónica em 60 a 70% dos casos, menos de 3% dos alcoólicos desenvolve doença pancreática. Na última década, verificaram-se inúmeros avanços nas formas hereditária e idiopática de pancreatite, responsáveis por 20 a 30% dos casos. Defeitos genéticos foram identificados, originários nas células acinares (relacionadas com a actividade e a estabilidade enzimática digestiva) e canaliculares (relacionadas com as características das secreções pancreáticas). As principais mutações identificadas envolvem os genes PRSS 1 (protease, serina 1), CTFR (regulador da condutância transmembranar da fibrose cística) e SPINK 1. A deficiência em α-1 antitripsina também é apontada como um possível factor. A pancreatite crónica parece implicar a combinação entre predisposição genética e um estímulo ambiental, estrutural ou tóxico.

POSTADO POR: Maria Albertina Deodato de Brito em 14/03/2010 às 18:30

REFERÊNCIAS:http://portal.alert-online.com/guia medico/?key

Nenhum comentário:

Postar um comentário